domingo, 27 de janeiro de 2013

Começo do nosso relato

Devo reconhecer que tenho uma profunda apreciação pelo vinho; profunda mesmo; mas nem sempre foi assim. Confesso que sempre tive dificuldades em encarar a cultura do vinho, em especial pelo ar de austeridade, beirando a soberba e a arrogância, que me afastaram dessa experiência singular.

Na verdade sempre achei engraçada a postura dos "conhecedores do vinho", que de maneira pedante, e geralmente atrelada ao completo desconhecimento enológico, reforçavam o distanciamento entre as pessoas reais, comuns, e o vinho. Eram discursos sobre harmonizações inexistentes, notas disso, retrogosto daquilo, sabores assim ou assado; no fundo eu ficava imaginando que mundo era aquele que eu jamais conheceria. De forma bastante inconsciente, eu ignorava que a história do vinho é diretamente correlata à história do homem e das civilizações, que a presença e a apreciação do vinho já teve seus altos, seus baixos, seus períodos de glória e fracasso, portanto, pessoas que gostam de deter as verdades sempre existirão - aprenda a tolerá-las.

Os objetivos desse blog são simples e muito despretensiosos; o primeiro e mais importante é respeitar cada um dos leitores, amigos e apreciadores do vinho com relação ao seus próprios gostos e preferências; não estarei aqui para apresentar verdades ou conceitos inalteráveis; apenas compartilharei com vocês alguns conhecimentos que adquiri e filtrei, através de estudos, leituras, provas e troca de informações.

Outro importante objetivo é tentar eliminar o bloqueio cultural que todo bom brasileiro tem ao vinho, já que nossa cultura está muito voltada a outros tipos de bebidas, como a cerveja e a cachaça, que possuem seus grandes representantes, afinal, quem não gosta de uma boa cerveja em dia quente, ou uma caipirinha bem afinada? Apenas tentarei mostrar a vocês que um churrasco pode também acompanhar um bom vinho, ou que em um dia quente, um vinho branco frisante bem gelado também é sensacional.

Dividirei com vocês alguns conhecimentos teóricos, que obviamente podem e devem ser questionados, afinal  conhecimentos são mutantes; dividirei histórias, relatos, provas, lembrando que não tenho a pretensão de acertar ou ser seguido.

Não se preocupe com os termos, nomenclaturas, procedimentos; apenas inicie, e tenho certeza que à medida que você experimentar vinhos diferentes, em ocasiões diferentes, poderá estruturar suas opiniões, seus gostos, o que te faz bem ou não. Aproveite para anotar aquilo que você percebeu em cada vinho, que sensações te agradaram, o que te incomodou. Não se preocupe com mais nada e não tente acelerar as coisas.

Isso, por enquanto, basta.